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SHELL E BASF CONDENADAS NO TST POR CONTAMINAREM

EX-TRABALHADORES

 

Arlei Medeiros

Diretor do Sindicato dos Químicos Unificados e da FETQUIM (Federação dos trabalhadores do ramo químicos).

 


         A condenação das empresas Shell e Basf pelo Tribunal Superior do Trabalho, em Brasília, no último dia 08 de abril, representa um avanço e um amadurecimento da justiça trabalhista do Brasil. As multinacionais que tinham a fábrica de agrotóxicos no bairro Recanto dos Pássaros em Paulínia vão ter de garantir tratamento médico e odontológico vitalícios a 1058 ex-funcionários e dependentes que foram contaminados por metais pesados.

         Cada ex-trabalhador também vai receber uma indenização individual que gira em média, em torno de R$161 mil. E pelo fato dos produtos manipulados na fábrica terem ainda contaminado o solo, lençóis freáticos e moradores da região, Shell e Basf foram condenadas a pagar R$200 milhões por dano moral coletivo. Este dinheiro será destinado a instituições indicadas pelo Ministério Público que atuem em áreas como pesquisa, prevenção e tratamentos de trabalhadores vítimas de intoxicação decorrente de desastres ambientais. É importante salientar que o montante será investido em órgãos e associações da região de Paulínia e Campinas.

        Eu, que há 21 anos estou à frente da diretoria do Sindicato dos Químicos Unificados de Campinas e região e que  há 12 anos luto por essa causa ao lado de tantos outros companheiros, fiquei muito emocionado com tamanha conquista , principalmente, no que acordo assegura para a saúde desses ex-trabalhadores.

          Sem a parceria da Atesq- Associação dos Trabalhadores Expostos a Substâncias Químicas- representada por Antônio de Marco Rasteiro não teríamos chegado até aqui. Até mesmo porque temos pressa. Por causa da contaminação 63 trabalhadores já morreram e a maioria em decorrência de câncer. “Não queremos mais casos de fetos com má formação cerebral e que ex-trabalhadores não consigam perceber que estão doentes. Na maioria das vezes, quando surgem os sintomas, não dá mais tempo de se fazer nada. Queremos que nossos amigos tenham qualidade de vida com um tratamento de saúde preventivo. Isso foi uma conquista imensurável para nós”, declarou Rasteiro.

         Outro aliado nessa batalha contra as gigantes Shell e Basf foi o Ministério Público que contribuiu para a ampliação da justiça do trabalho. “Esse acordo não tem parâmetro no Brasil e na América Latina em termo de condenação por dano moral coletivo. É um marco para a justiça”, afirmou o Subprocurador-Geral do Trabalho, do Ministério Público do Trabalho, Luís Antônio Camargo de Melo.

          A Shell começou a operar em Paulínia na década de 1970. Em 2000 a fábrica foi vendida a Basf, mas como a incidência da contaminação ficou cada vez mais evidente, em 2002, ela foi interditada pelo  Ministério do Trabalho. Durante a última audiência em Brasília o ministro Carlos Alberto ressaltou a importância da atuação do Ministério do Trabalho nessa causa. “Não só direitos individuais, mas direitos coletivos também foram atendidos. Tanto assim que a sociedade vai ter compensação desse enorme prejuízo”, disse o presidente do TST.

         A decisão é histórica para a Justiça do Trabalho. Abre precedente para outras causas de contaminação de trabalhadores porque pela primeira vez, não se fez valer o nexo-causal na ação. “Se tivesse o nexo-causal cada trabalhador teria de ficar comprovando na justiça que adoeceu em decorrência do trabalho. Sem isso ele não precisa do aval de ninguém. Ele simplesmente vai ao médico e a empresa tem de custear o tratamento sem questionar nada”, destacou Vinícius Cascone, um dos advogados dos trabalhadores.

         Ricardo Luís Mendes  que trabalhou por  22 anos na Shell/Basf  e que já faz tratamento por causa de problemas renais, presenciou comigo a decisão em Brasília. “Quando começamos a falar de contaminação por parte da Shell e Basf, parecia que estávamos loucos por acusar empresas tão poderosas. Mas com o tempo, infelizmente, as pessoas foram adoecendo e a verdade veio à tona”, desabafou o ex- trabalhador.

         Para mim o acordo significa o reconhecimento de um direito. A condenação das empresas Shell e Basf reflete uma mudança de comportamento da justiça do trabalho no Brasil que vai servir de parâmetro para outras causas. Estamos satisfeitos, principalmente, porque temos a garantia da qualidade de saúde dos ex- trabalhadores que estão adoecendo. E mais, mostra que sempre devemos lutar. Desta vez os trabalhadores mostraram ter força e organização para que os seus direitos fossem respeitados e a justiça fosse feita.

08.03

2013

Ex-trabalhadores Shell/Basf aprovam proposta de acordo definida no TST/Brasília

 

Os ex-trabalhadores da Shell Brasil e da Basf S.A. decidiram aprovar (foto acima) a proposta de acordo definida no Tribunal Superior do Trabalho (TST) após sucessivas audiências em busca de uma solução negociada para o crime de contaminação ambiental e humana cometido pelas duas multinacionais na bairro Recanto dos Pássaros, em Paulínia/SP. A decisão pela aceitação foi tomada em assembleia realizada na manhã de hoje (08 de março de 2013) na Regional Campinas do Sindicato Químicos Unificados.
 

Conforme a última audiência em Brasília, dia 05 de março, sob a presidência do ministro do TST João Oreste Dalazen, a Shell/Basf e os ex-trabalhadores, mais o Sindicato Químicos Unificados, a Associação dos Trabalhadores Expostos a Substâncias Químicas (Atesq – entidade formada pelos ex-trabalhadores) e o Ministério Público têm até o dia 11 de março (próxima segunda-feira) para confirmarem a aceitação da proposta negociada no TST.



Conforme intervenções de diversos ex-trabalhadores Shell/Basf, de dirigentes do Unificados, da Atesq e do advogado da causa Vicente Cascone o objetivo primeiro da luta foi alcançado: Garantir o amplo e gratuito atendimento/tratamento médico/ambulatorial e hospitalar, por toda a vida, a todos os ex-trabalhadores expostos à contaminação pelas duas multinacionais, muitos dos quais apresentam suas consequências na saúde, e com o registro de 61 mortes por causas que possuem correlação com contaminação química.



Acordo ou julgamento

Segundo deixou claro o ministro Dalazen, esta é a última oportunidade de um acordo negociado. As partes envolvidas têm até dia 11 para darem o retorno de aceitação. Caso haja uma discordância, estarão encerradas qualquer possibilidade de acordo e a questão será resolvido por meio de sentença judicial no TST.

Atualmente, este é o maior processo trabalhista na justiça brasileira.



O acordo

Esta é a proposta de acordo definida nas audiências no TST em Brasília e hoje aceita pelos ex-trabalhadores:

• A Shell/Basf pagarão, conjuntamente, R$ 200 milhões a título de danos coletivos. Destes, R$ 50 milhões serão destinados para a construção de uma maternidade em Paulínia. O restante será pago em cinco parcelas anuais no valor de R$ 30 milhões, sendo 50% de cada parcela destinados à Fundacentro e 50% ao Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest) em Campinas. As parcelas começarão a ser pagas em janeiro de 2014.

• Pagamento ao conjunto dos trabalhadores de 70% do valor a ser definido em cálculo judicial, com juros e correção monetária. Esse valor será encontrado a partir de uma equação individual que levará em conta o tempo trabalhado nas duas multinacionais mais o período em que os ex-trabalhadores e dependentes habilitados ficaram descobertos em relação à saúde.

• A Shell e a Basf reconhecem o total de 1.068 trabalhadores atingidos, conforme cadastro realizado e apresentado pela Atesq e pelo Unificados. Outros 76 ex-trabalhadores que entraram com ações judiciais individuais podem aderir a este acordo, caso desistam do processo que movem em nome próprio.

• Assistência médica vitalícia a estes 1.068 trabalhadores.







Fonte: Químicos Unficados

14.02

2013​

No TST, vitória maior é Shell reconhecer publicamente, em juízo, a contaminação​
 

O reconhecimento público e em pleno tribunal pela Shell Brasil e pela Basf S.A. da contaminação ambiental e humana praticada durante a produção na planta industrial localizada no bairro Recanto dos Pássaros, em Paulínia/SP., foi considerada pelos ex-trabalhadores das duas multinacionais, pelos dirigentes, médicos e advogados do Sindicato Químicos Unificados e por representantes de diversas entidades presentes como a maior vitória conquistada na audiência de conciliação realizada na tarde de hoje (14/fevereiro/2013) no Tribunal Superior do Trabalho (TST), em Brasília. Esse reconhecimento ficou materializado quando a Shell/Basf fizeram a proposta de custear o tratamento médico vitalício (por toda a vida) a seus ex-trabalhadores e seus dependentes.

Até hoje, desde que iniciada esta luta há quase 12 anos, em 2012, as duas multinacionais sempre negaram qualquer tipo de contaminação ambiental e humana na planta industrial, na qual foram produzidos agrotóxicos.

As propostas da Shell/Basf e a posição dos trabalhadores

Estas foram as propostas apresentadas na audiência pela Shell Brasil e pela Basf S.A., às quais o Unificados e a Associação dos Trabalhadores Expostos a Substância Químicas (Atesq), entidade formada pelos ex-trabalhadores das multinacionais apresentaram contraposições.

1) Números divergentes – A Shell/Basf afirmam que são 864 ex-trabalhadores e dependentes o número de pessoas envolvidas na contaminação.
• Os próprios ex-trabalhadores e os Unificados possuem um cadastro com 1.143 nomes.

2) Tratamento médico vitalício – As duas multinacionais propõem tratamento médico vitalício. Este tratamento médico seria gerido por um fundo (a ser criado), cujo financiamento ficaria a cargo das empresas e as partes nomeariam um gestor. Para casos controversos, em que haja dúvida da necessidade do tratamento, uma junta médica, formada por especialistas indicados pelas duas partes, seria chamada a atuar. O tratamento médico seria destinado aos ex-funcionários e todos os seus dependentes por toda a vida. O fundo teria um aporte inicial de R$ 50 milhões e receberiam mais recursos das empresas à medida que houvesse necessidade.

• Os ex-trabalhadores questionam a formação de uma junta médica com especialistas indicados pelas duas partes (inclusive pelas empresas), pois a contaminação e suas consequências são notórias e a saúde e a defesa da vida exige pressa. Afinal, o caso já soma 60 mortes. O Unificados e os ex- trabalhadores também não aceitam o limite de 864 beneficiários listados pela Shell/Basf; pois, além de terem em cadastro 1.143 nomes, há sempre a possibilidade de antigos ex-trabalhadores somente agora se apresentarem.

3) Indenização -  A soma a ser paga seria variável de acordo com o tempo de trabalho do funcionário e número de dependentes.
• Como esta decisão é de caráter individual, a Atesq e o Unificados aguardarão uma posição a ser definida em reuniões com os ex-trabalhadores, em Campinas.

4) Indenização coletiva – A Shell/Basf pagariam à sociedade um determinado valor – ainda não especificado – a título de indenização coletiva por danos morais.
• O Unificados e os ex-trabalhadores querem que esta indenização se concretize com as duas multinacionais arcando com o custo de hospital e ambulatórios de saúde na região, plantio de árvores, recuperação ambiental etc.


Fonte: Químicos Unificados

26.01

2013

​Shell é eleita campeã mundial em crimes ambientais (pelo voto popular)


Com mais de 41 mil votos, a petroleira que queria explorar o Ártico foi eleita por voto popular como a vencedora do Public Eye Award (Prêmio Olho do Público) 2013.

Após inúmeras tentativas de exploração de petróleo na frágil região do Ártico e mais de dois milhões e 400 mil pessoas em todo o mundo se pronunciando contra suas investidas, a Shell foi a empresa escolhida este ano para receber o Public Eye Award.
Tradicionalmente anunciado no Fórum Econômico Mundial que acontece em Davos, na Suíça, entre os dias 23 e 27 de janeiro, o prêmio foi entregue na quinta-feira (24 de janeiro) pelo Greenpeace Suíça e pela Declaração de Berna.

A petroleira recebeu nada menos do que 41.800 votos online. Já pelo lado do júri, o banco norte-americano Goldman Sachs foi o vencedor. Segundo os organizadores, as duas empresas escolhidas servem como exemplos de empresas cujos crimes socioambientais mostram para a sociedade o lado negativo do progresso puramente orientado para o lucro.

A indicação da Shell se deu pela empresa estar constantemente envolvida em projetos de produção particularmente controversos, arriscados e quase sempre sujos de óleo. A empresa se coloca à frente da exploração e produção de combustíveis fósseis num dos ecossistemas mais vulneráveis do planeta.
Cada projeto de petróleo no mar Ártico significa novas toneladas de emissões de CO2 para a atmosfera. Reservas de petróleo do Ártico são suficientes para apenas três anos, mas a ganância de grandes corporações, como a Shell, insistem em tirar até a última gota do solo.

Para isso, ela está colocando em risco um dos últimos paraísos naturais da Terra, colocando em perigo quatro milhões de pessoas que vivem na região, além de ameaçar a fauna. Ainda sem nem começar a trabalhar na perfuração dos poços, a Shell já passou por uma série de acidentes alarmante na região nos últimos meses.
As medidas de segurança da Shell não são confiáveis. Especialistas garantem que uma catástrofe poderá ocorrer a qualquer momento e seria quase impossível controlar devido às condições delicadas do Ártico.

Kumi Naidoo, diretor-executivo do Greenpeace International, lembrou que a Shell já investiu US$ 4,5 bilhões em um plano “sem sentido e altamente arriscado, que só produz problemas”.
“O Public Eye Award mostra que o público está de olho na Shell e que sua teimosia vai continuar a ser objeto de sanções por parte da opinião pública”, frisou.

Fonte: facebook

09.01

2013

Uma fábrica de contaminação e mortes em Paulínia


 

PAULÍNIA, São Paulo — A demora na decisão de uma batalha judicial, que se arrasta há mais de dez anos, envolvendo ex-trabalhadores de Shell e Basf e o Ministério Público do Trabalho (MPT) de Campinas, já deixou 59 mortos — dois no último fim de semana —, todos contaminados por substâncias cancerígenas na área onde trabalharam e funcionou a fábrica de agrotóxicos das duas empresas entre 1977 e 2002, no bairro Recanto dos Pássaros, em Paulínia, interior de São Paulo. Parecer técnico encomendado pela Promotoria de Justiça concluiu que hoempregados é para garantir um plano de saúde que cubra despesas médicas com as doenças que surgiram depois de anos de contato com produtos químicos para produção de agrotóxicosuve “negligência, imperícia e imprudência” da Shell e das outras empresas que a sucederam na área no caso da contaminação da fábrica e dos terrenos vizinhos.



A briga trabalhista dos ex-. Na quinta-feira, em reunião entre os representantes dos trabalhadores e das empresas, o MPT de Campinas conseguiu incluir mais 13 pessoas em uma lista de 772 que já haviam garantido o direito de cobrar dos ex-empregadores gastos com tratamento médico.

Em sentença de agosto de 2010, a 2 Vara de Trabalho de Paulínia determinou que a Shell e a Basf teriam de custear totalmente as despesas médicas, laboratoriais e hospitalares dos ex-funcionários e de seus parentes, além de terceirizados que prestaram serviços à fábrica. À época, as empresas também foram condenadas a pagar multa de R$ 622 milhões por danos à coletividade e R$ 64,5 mil de indenização a cada um dos cerca de 600 ex-trabalhadores e seus filhos. As empresas derrubaram a multa e recorrem do pagamento de despesas médicas no Tribunal Superior do Trabalho.

Filhos de trabalhadoras nasceram com sequelas


Ciomara, que vive desde 2002 em um hotel em Paulínia custeado pelas empresas, conviveu com a contaminação desde que a fábrica da Shell começou a operar. Foi na chácara, construída pelo pai, que passou a infância e onde nasceram os dois filhos que “tiveram muitos problemas de saúde desde o nascimento”.

— O mais velho vomitava constantemente, tinha diarreia e lacrimejava muito. Mas ninguém desconfiava que a contaminação vinha da chaminé em frente ao portão da minha chácara. Afinal, a Shell é uma grande empresa e ainda tinha o slogan “Você conhece, você confia”. Quem iria imaginar que ela faria isso com a gente? — indaga.

Desde 2003, quando deixou a chácara contra sua vontade, Ciomara sofre de depressão e contraiu várias doenças em função da contaminação. Exames indicam que ela foi contaminada por Aldrin e outros químicos produzidos pela Shell. O filho mais velho, de 34 anos, tem o baço aumentado, um dos sintomas de contaminação, e complicações.

Os nove anos na Shell (1979-1988) tiveram consequências trágicas na vida de Benedita Mary Andrade, ex-coordenadora de serviços gerais. Em 20 de abril de 1990, nasceu com paralisia cerebral seu filho Leonardo, hoje com 21 anos.

— Ele teve má-formação na quarta e quinta semanas devido a problemas de contaminação ambiental — conta Mary, que é professora de artes de uma escola em Campinas e briga na Justiça para receber ajuda da empresa para custear o tratamento de Leonardo.

 

Texto de Lino Rodrigues/ O Globo

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